sexta-feira, 4 de abril de 2008

Viver prá trabalhar, Morrer de trabalhar

Minha mais nova aprendizagem é a de que não, o trabalho não dignifica o homem; nem a pau. O trabalho só me ensinou a ter ódio, e fel, e fez de mim uma assassina. Depois de descobrir olheiras gigantescas na minha cara, peguei meu orçamento de miséria que só me dá para comprar pão e transporte, comprei uma arma e matei a família inteira do meu patrão. Estourei os miolos da mulher dele, e joguei o bebê deles na parede até a cabeça dele explodir e joorrar muito sangue. Depois, fui prá casa e estou aqui entusiasmada a pensar na cara que ele vai fazer quando chegar em casa e ver essa magnífica cena. Matar é uma delícia, vocês deveriam experimentar.

quinta-feira, 3 de abril de 2008

Anti-Crise

Eu definitivamente não gosto da literatura brasileira dos anos 80. E também do cinema, espelhamento da mesma poética. Não gosto porque há nela toda a crise da fragmentação dos sujeitos, a crise da derrocada do idealismo ortodoxo, a crise da descoberta de uma esquizofrenia identitária. Os personagens sofrem, sofrem... dos livros pinga suor e sangue. Aqueles que porventura deixaram seus Ataris para sentar a bunda na cadeira com uma pena na mão, só sofreram em líteras obtusas.

Prefiro esta literatura contemporânea, que abraça a esquizofrenia de forma lúdica e definitiva, e brinca com a fragmentação de maneira deliciosa. Por isso, esqueçam os Rubens Paivas, Lya Lufts e Abreus da vida e partam para os Galeras, Cuencas, Mirisolas, Mempos e tudo o que estiver datado com o ano 2000 em diante nas fichas catalogais.

terça-feira, 1 de abril de 2008

Beat Generation...

Não há nada melhor do que pegar uma caroninha para esquecer dos problemas. Uma carona é capaz de causar uma ruptura em seu dia (pelo fato de não haver possibilidade de acontecimentos rotineiros nesta prática), fazendo com que o dia pareça estar começando de novo. Hoje, ao sair do trabalho, parei lá no gramado da Avenida 1 prá pegar uma caroninha até a Grinfinólia. Percebi uma coisa muito interessante: hoje está mais dificil de pegar caronas, porque os modelos mais novos de carro estão com seus vidros muito escuros, de modo que fica difícil de exercer uma das ações mais básicas da prática de pegar carona: escolher quem vai te dar a carona. Desde os tempos que os beats inventaram a carona, foi assim, há no mundo sujeitos mal encarados e de pretensões não muito recomendáveis, de modo que na cartilha dos beats há esta regra do saiba a quem pedir carona. O que nos resta são os carros de modelos mais antigo, que ainda permanecem com seus vidrinhos puros e transparentérrimos.

Hoje pedi carona para um senhor que na verdade estava estacionado naquela avenida, ele dirigia uma perua da Vigor - aquela marca de iogurtes. Chamava-se Herbie, tinha um adesivo católico no vidro da frente de sua perua e um delicioso sotaque nordestino. Eu comentei com ele sobre essa dificuldade do pegar carona hoje porque os carros estão com seus vidros mais escuros e ele concordou, disse que tem um outro carro e nesse carro ele não colocou vidro escuro, disse que não acha muito bom. Eu comentei que o povo coloca por causa que acha que gera uma segurança, mas ele disse que achava que não adiantava muito não, porque o cara vem e aponta a arma prá sua cara do lado de fora do vidro. Contou que na sexta-feira uma senhora de 51 anos foi baleada em frente a prefeitura de Campinas, porque o cara apontou a arma pro vidro escuro dela e ela não quis abrir. Daí o cara atirou bem na cara dela, e lá se foi uma grã-fina. A carona é genial quando você pega com alguém que não pertence ao seu mundo - nós, tão acostumados a conviver com os beats e os militantes -, gera toda uma alteridade construtiva e deliciosa. Tem mais, as pessoas nunca esperam que alguém vai abordá-las no meio do seu trajeto cotidiano, e se impressionam ao dar uma carona, se sentem todos felizes por terem feito uma boa ação. Se sentem úteis. O Herbie ficou a me desejar tudo de bom na minha vida por um tempão, largo sorriso no rosto, apertando a minha mão. Foi lindo.

Mais uma ação construtora do mundo que queremos: o da beat generation.