terça-feira, 28 de outubro de 2008

Ex-Rapaz da Rua Augusta; Atual Proletário Internacional

Ele está trabalhando. Entrega panfletos de casa em casa, com um carrinho verde desses de empurrar pelas ruas. Ele, que nunca na vida trabalhou e era o burguês com seu carro na cidade de São Paulo. Ele, que tinha medo dos maninhos da rua o roubarem, agora vê os outros terem medo de que ele os roubem na rua: ele, agora, o maninho da rua. Hoje foi seu primeiro dia, e já sentiu na pele o que é sair de sua posição social: estudantes rindo do jovem fodido entregando panfletos, uma escória ha-ha-ha! Meninas gritando de suas sacadas para não colocarem aqueles panfletos de merda nas suas caixas de correio. Seu professor passou pela rua bem no momento em que ele trabalhava com seu colete da empresa de panfletos: o professor fingiu não o ver.

Ao final do dia, sente ódio, mas não sabe ao certo do quê. Sabe que sente ódio deste país, destes habitantes, mas principalmente, ódio dos estudantes que não trabalham. Ódio dos jovens, ou daqueles que podem usufruir da condição social da juventude, e ficar bebendo nos cafés e paquerando pelas tardes, ou quem sabe um cinema ou um bom livro.

Quanto a mim, por estar longe de casa, coloco o retrato do meu quarto na Área de Trabalho do meu Microsoft. Pareço me sentir mais em casa. Aconchego imagético, diretamente proporcionado pelo capitalismo tecnológico que nos conecta à pátria amada via Skype.

"There`s no place like home." - e batia três vezes em seus sapatinhos de diamante vermelho...

sexta-feira, 10 de outubro de 2008

Alice é fenomenológica?

Não, Alice agora é racionalista niilista.





Tô puta com o mundo!



Afinal, Dostoievski está com a razão: a única verdade contida no mundo está em matarmos nossa senhoria com uma machadada na cabeça.



A monogamia é uma verdadeira falência, aposto que se a gente tivesse criado o relacionamento utópico estaríamos nos amanda até hoje. Ontem conheci o cara mais lindo do mundo, o mais legal e não páro de pensar como seria trepar com ele naquela cama do quarto perfeito que ele tem, ouvindo Jimi Hendrix. Então nos amaríamos, para sempre, mas sem institucionalizações do sentimento.



É por isso que até hoje amo o André, a solução está no abandono instantâneo de uma tarde chuvosa para 'um outro dia a gente se vê'. Pelo menos ficam guardados conosco os dias lindos. Já a monogamia do namoro é uma verdadeira falácia, uma grande merda, porque depois que fode, vêm as brigas e os ódios que matam todas as rosas amarelas e só sobram os espinhos.



Sim, estou te odiando.

Its ôvah beibi

Por fim, acabou. Obviamente que era paixão, mas como toda doença, durou apenas alguns meses e umas poucas saudades. Percebi que o amor-real já não dava mais para ser projetado em outro cara que não aquele, o do amor-real. Depois que terminamos nosso namoro perfeito, com aquele cara que a gente amou tudo o que tinha para amar verdadeiramente, os outros namoros são meros amores, outros tipos de amar. E o de agora, meu bem, não tem me satisfeito. Por isso decido partir para o ficar sozinha, ou ao menos para o ficar sem você.

E não tem me satisfeito justamente por você achar que dá, que dá para projetar em mim o tal do amor-real. Então você se engana em mim, e criamos o amor-de-merda.

Dá medo. Dá medo terminar, porque dá medo ficar sozinha, em um mundo onde todos os outdoors, fotografias e propagandas de manteiga nos ensinam que a felicidade só é completa a dois - toda essa balela de se compartilhar momentos e andar na chuva com o seu homem. Então claro, terei de ser dostoievskiana e kafkiana nas primeiras semanas, mas depois acredito que volto às terapias mágicas de dj Paulão com os corpos requebrando e a cerveja gelada despreocupada. Tenho também meus outros amores, amores vãos que podem ser vividos por bons finais de semanas despreocupados, e sei que quando se esquece, as pessoas mais maravilhosas começam a aparecer no seu caminho.

Então é isso, ficamos assim, acabados.
Claro que eu queria que ficássemos amigos, mas você é um amante passional que vai chorar até as tampas e tentar o suicídio durante o inverno sem mim, mas fazer o quê, eu já tive muita dó dos outros, agora decidi ter amor-próprio. Sou racional demais para seu amor passional, não aguento mais tanta melação. Enquanto eu penso em Weber, você pensa em casamento.

Eu não posso te ensinar muita coisa, além daquilo que você já aprendeu, mas gostaria mesmo de te ensinar que na verdade você não me ama: você projeta em mim seu amor-real infantil daquela que você realmente amou e ama por todas as noites, pensas que o amor é por mim mas é por ela, e você sabe disso. Beibi, o lance é perceber que ao amor-real já não há mais volta além da nostalgia, e que as únicas verdades sentimentais estão em uma suitcase de lumper - que infelizmente duram somente o tempo de um bom cigarro em uma noite de lua cheia.

É mais simples do que pensamos: eu não te amo mais e this is the end my only friend.

terça-feira, 7 de outubro de 2008

((()))))

Poxa, até que enfim encontrei um tempo de voltar aqui. Essa história de blog vicia mesmo.
Ultimamente a coisa mais bacana que descobri para fazer é ficar vendo clips no Youtube. Acabei de ver um clip do Yves Larock, aquela música "my dream is to fly over the raimbow so high", e eu bem que queria sair postando uns clips legais que vejo aqui no blog, mas nunca consigo por causa da lerdeza da minha internet.

Esse clip do Larock é um povo pulando corda, todo contente, meio paradoxal porque o sonho de voar na verdade é ficar pulando corda. Também soa meio comercial da coca-cola, ainda mais agora com essa promoção de trocar tampinhas por cordas. Eu nunca vi essa juventude que pula corda, acho que é invenção cinematográfica ou talvez coisa das ruas norte-americanas, não sei se acredito numa juventude que sai às ruas para pular corda. O máximo que já vi foi uns muleques dançando break na praça de São Tomé das Letras, mas enfim.

Eu adoro fazer malabares, por isso esse é um clip inspirador para mim. Fico com saudade do povo do Sul, aqueles malabaristas, porque lá na Unicamp sempre que levo meus malabares nunca encontro pessoas para brincar comigo. É, tem o povo que faz os malabares de bolinha, mas eu gosto mesmo dos de fita, e eu nunca vi ninguém que brinca com estes. A Fly me mandou um vídeo de uns músicos que fazem uns malabares com bandeiras, e não são bandeiras penduradas em cordas, são as bandeiras inteiras mesmo, com mastro e tudo. Achei incrível!

Tô elétrica, preciso comprar um patins.

terça-feira, 23 de setembro de 2008

\o/

Hoje irei postar um conto magnífico que encontrei em um blog. A autora é Flávia Donadelli.
Para aqueles que sentem na pele sampacaos...


Cordéis da retirante sertaneja

São Paulo te observa, te cutuca, te revolta.

São Paulo te maravilha, te apavora, te odeia.

20 milhões de habitantes disputando a sua mesa, o seu banco de ônibus, o seu elevador.

Pisoteadores de ruas. Gafanhotos em caixas de fósforos.

240 vizinhos, além do morador do viaduto ao lado e tudo que conheço deles é a irritação que me causam. Cada gafanhoto em sua caixa, cada caixa em seu caixote. São Paulo te abarrota, São Paulo te odeia.

Não tem brisa do mar, mas tem água de côco. Não tem animal, mas tem muito bicho. Tem lugar pra ir? Eu só não sei chegar. Nem ia dar tempo mesmo...

Vamos aprisionar as árvores nos parques municipais, vamos aprisionar pessoas nas caixas de concreto e podemos estragar o resto, cuspir no chão, quebrar os vidros.

Não tem montanha mas tem chalé e chocolate quente. Tem lareira, frio, calor, sorvete e neve em 24 horas.

Me vende um quilo de equilíbrio por favor? Vcs entregam em casa? Que ótimo!

7 empregos por semana. 24 lugares novos por dia. 60 olhares em um minuto.


Passou do ponto. Preciso descer.



...................................................
Digo ã autora, que seu conto me fez pensar sobre a poesia das ruas perdida, sobre os diários de retirante escritos no tédio do dia calorento, a cidade modorrenta.
E o que fazer com tudo isso? Entramos na faculdade e desatamos a escrever relatórios científicos.


.

segunda-feira, 15 de setembro de 2008

Tempo, Tempo...

#############
Ah, como eu queria ter um pouco mais de tempo para postar aqui uma nova descoberta literária... é o ganhador do prêmio sesc 2007, mais um destes ótimos escritores brasileiros contemporâneos com os quais tenho me deliciado. Mas não quero falar dele às pressas, oremos para que surja um tempinho para a boa exposição do literato.
##############


Ahhhh mas não posso me esquecer de mostrar o meu mais novo herói: Seyymooouurrrr!!!

Seymour, o cara mais da hora de todos os tempos. Seymour, eu quero ser sua vizinha.


Mais fotos aqui:
Breves explicações:
Filme.
Ghost World.
Coleções.
Bom blues.
Vinis.
Meu tão amado mundo cão norte-americano.
Sim, sim!! Dêem-se as mãos a Bunker Hill e temos mais uma constatação da única and peculiar paranóia social U.S.A.
########################################

Enquanto isso, continuo com umas babaquices.

.............................................................

Quarta-feira ele vem. É por isso que lavo a pilha de pratos na pia. Quarta feira ele vem. Guardo os livros nas estantes, tiro o pó dos poucos móveis. Deito água pela casa, passo panos e alvejantes pela sala, porque quarta-feira ele vem. Frito batatas, fico com fome porque quarta-feira ele vem. Danço pelo quarto, preparo nossa cama com lençóis novos, brancos, recém-saídos da lavanderia. Passo o resto da semana indo ao cinema, usando as saias que mais gosto, observando as pessoas da rua, deliciando-me com leituras, esperando a quarta-feira.
........

Ironia: estarei eu virando Amélia?!

.......

Hoje ela estava dark, como se numa ressaca depois de alguma espécie de rave de 3 dias e 3 noites, daquelas que as pessoas usam tantas drogas que já nem sabem mais o que está acontecendo, e quando tudo acaba, não fazem a mínima noção do sentido de tudo. Comprimentou pessoas duvidosas pelos corredores, uma galera Zé-droguinha da pesada. Achei tudo muito estranho. Ela, que antes era todo o alto-astral com seus vestidos coloridos e a sensualidade à flor da pele, me aparece agora envolta por alguma espécie de áurea arroxeada. Enquanto penso no clima pesado gerado pelo ônibus da moradia ou pelo uso exacerbado de cocaína com pessoas do mal, eu vou de Led Zeppelin:

Oh war is the common cry, Pick up your swords and fly. The sky is filled with good and bad that mortals never know. Oh, well, the night is long, the beads of time pass slow, Tired eyes on the sunrise, waiting for the eastern glow.

Oh Deus, como essa música pode ser tão boa?!

síndrome de múltiplos orgasmos musicais.

^^

quinta-feira, 11 de setembro de 2008

----

"O que é massa?"
O LHC poderá responder a uma simples questão: O que é massa?

"Sabemos que a resposta será encontrada no LHC", disse Jim Virdee, físico do Imperial College de Londres.

O acelerador de partículas salvará, enfim, um dos grandes entraves da teoria marxista!!

Imaginem só quantos mistérios poderão ser desvendados no fabuloso acelerador de partículas... debates althusserianos e até questões gramscianas poderão encontrar agora seu happy êndi? Oremos.

sábado, 6 de setembro de 2008

[[::]]

Itirapina é uma cidade minúscula, ilustrada por um pontinho preto perdido no meio do mapa do estado de São Paulo. Aqui, a lógica é a do "um de cada": temos uma loja de calçados, uma loja de esportes, uma loja de cds, uma boticário, uma loja de roupas masculinas, uma loja de roupas femininas, uma loja de bebês, uma farmácia de manipulação, uma farmácia comum, e com Itirapina entrando na era da modernidade há pouco tempo, uma loja da vivo, uma da claro, e uma lan house.




Os assuntos que permeiam toda a sociabilidade cotidiana - e dão sentido a elas - são sobre relacionamentos. Quem casou com quem, quem teve filho com quem, qual é o divórcio da semana. Quando vão falar de alguma outra coisa, como por exemplo uma reportagem sobre a Itália que saiu no jornal local, falam em termos de parentesco: a filha de fulana casada com sicrano que foi neto do beltrano que estudou com a minha vó no colégio foi para o Canadá. A informação após o verbo quase nunca interessa, o que interessa é que o grupo de interlocutores descubra qual é o sujeito do qual se está falando: quem, aquela que casou com o fulano filho do dono da farmácia que ficou viúvo e depois foi morar naquela casa ali do centro? Não, essa é a filha mais velha, a que te digo é a filha mais nova da fulaninha que aliás é cunhada do pai do seu sogro! Tudo isso falado em volta da mesa do café da manhã, do almoço e do jantar, que duram uma eternidade e preenchem o tédio dos dias de Itirapina.
É assim como na foto. E me smell like a faroeste norte-americano de 1930. Então fico a ouvir blues com whisky e bukowski, ótimas companhias.

domingo, 24 de agosto de 2008

::
Faz muito tempo que já levo uma vida solitária, em um cubículo no centro da cidade. Gosto disso, a casa sempre está limpa e me sinto bem quando ele vem me visitar, ficando comigo por uns 4 dias da semana. Quando ele se vai, restam-me a pilha de pratos na pia, o cesto de roupas sujas e a imundície no chão da casa. Fico a limpar tudo isso esperando seu retorno, e sempre consigo deixar tudo em ordem umas 2 horas antes que ele chegue, assim de surpresa. Hoje fui almoçar em Chinatown, em homenagem ao fim dos jogos de Pequim, e também por ser um dos poucos lugares que abre para servir almoço aos domingos. Encontrei casais de velhos e chineses velhos servindo de garçom, incrível como a hierarquia em Chinatown funciona às avessas: são as crianças que ficam no caixa e os velhos que servem de garçom. Os de idade intermediária ficam na cozinha. Comi um yakissoba adicionado a um rolinho primavera de carne, mais um doce de banana caramelada grátis, tudo isso por apenas R$4,32.


Fiquei a ler Bukowski e John Fante pela tarde. Comi ruffles e dormi no sofá coberta com uma mantinha verde. Em compensação, quando bateu a fome das oito da noite, só me restava a padaria 24 horas aberta na esquina de casa, com todos os bêbados e vagabundos que costumam habitá-la durante o domingo inteiro. Só tinha cinco reais no bolso, e tive que me virar – uma lata de atum e dois pães, para um sanduíche em casa, por R$4,50. Gostaria de alguns ovos mexidos com bacon agora. Não sinto saudades dele – na verdade, sinto muito mais saudades do meu irmão.

domingo, 17 de agosto de 2008

::
--//
Eu vou, eu vou. Pode apostar que eu já estou lá, eu morreria sem você a
partir desse momento. Perceba como isso é quase próximo de Noites da Taverna ou
poemas baudelairianos? Há quem diga que Baudelaire era um cara desencanado. Vou
ler um pouco, talvez um Pirandello ajudaria nesse momento, mas ele também se
torna trágico logo na metade do livro, e por que será que o Calvino escreveu tão
pouco durante toda sua vida? Deve ser extremamente difícil ser extremamente
lúdico em um mundo como o nosso. Às vezes até Alice no País das Maravilhas me
causa um sofrimento existencial terrível quando não estou nos meus melhores
dias. Raios! O que é isso?? Este mês não teve TPM nem cólicas, mas essa recaída
adolescente infantil por amores idiotas? Menina! Cadê seu cabelo roxo e sua
atitude punk? Volte, menina, volte.
Nada de pensamentos idiotas de mulherzinha.

Porra mas eu não agüento mais ler os outros e ter que
escrever sobre os outros, eu quero mais é deixar escorrer aqui qualquer palavra
minha ou sua, numa estratégia coletiva insana de escorrimentos corrimentos.
Porra uma conversa de bar também resolveria, e isso definitivamente é muito
engraçado.

Pequena nota acerca do cotidiano: Gramado foi decepcionante, "Nome Próprio" como melhor filme brasileiro??! Definitivamente, ou o cinema brasileiro está com sérios problemas ou os críticos de cinema estão completamente loucos.

sábado, 16 de agosto de 2008

:
Eu quero ver você dançar
Em cima de uma faca molhada de sangue
::

Eu jamais nunca mais consegui tomar uma cerveja gelada sem pensar que estava criando rugas a partir desta prática, mas preciso loguinho retornar às doses semanais de DJ Paulão dessa vez regadas a uísque com energético

::
::

Deixar o chão é poder voar
soltar minhas mãos não vai adiantar
::

Vou me banhar em United States para me curar dessa ressaca do amor infernal acrescido de ciúme infantil. Literatura norte-americana é até melhor do que Burger King com batatinhas fritas que sorriem para mim. Adeus, Mané.
::::

Não se preocupe comigo
que meus inimigos terão sempre seu lugar.

:


Janeiro. Foi de tudo. e foi algo como uma porta solida. Seu frio selava a cidade numa capsula cinzenta. Janeiro foi momentos, e janeiro foi um ano. Janeiro fez chover os instantes e congelou-os na sua memoria: a mulher que ela viu consultando ansiosamente, a luz de um fosforo, os nomes em uma estrada escura. o sujeito que rabiscou um recado e entregou-o a seu amigo antes de se separarem na calçada. o sujeito que correu um quarteirao atras de um onibus e pegou-o. De cada gesto humano parecia emanar uma magia. Janeiro era um mes de duas faces, chocalhando com guizos de bufao, estalando como crosta de neve, puro como qualquer começo, taciturno como um velho, misteriosamente familiar e ainda assim desconhecido, como uma palavra que quase se define, mas que nao se chega a definir.



"não quero ter você em mim, nem me esquentar, não quero te sentir" - Mombojó, Cabidela.

sexta-feira, 15 de agosto de 2008


Vai dormir um pouco que não adianta sentar a bunda para
escrever tensão, ainda tem umas 80 páginas de fluxo de consciência para serem
vomitados a psicóloga Microsoft antes de atingir a fluidez de uma narrativa que
mescla etnografia clareza nos objetivos e boa dicção teórica, era de ruffato que
você precisava, sempre acerta nas literaturas e depois passar a escrever uns
esboços do que se leu assim mesmo pra mim mesmo com a novidade desse tipo novo
de escrita que vai deixando tudo relaxado até os músculos do pulso e eu nem
sabia que o pulso tinha músculo ou nervo e eu nem sabia que músculo tinha acento
mas agora começo a lembrar de um apartamento vizinho de quando eu era criança,
bichos de pelúcia vindos da Disney e a menina sendo comida pelo pai no quarto
com os leões da Disney de camarote. De fato ler um Hemingway de 1961 é bem
diferente de logo depois no dia seguinte ler um de 1929, aquele ilhas da
corrente está muito maduro na escrita na descrição e principalmente na
construção dos personagens, isso sim, um personagem duro, bem personalizado,
sabemos tudo dele tudo quase o vemos no nosso quarto um bom personagem é aquele que sai do livro e de repente encontramos ele ali sentado no sofá da nossa sala
ou tomando um banho no nosso chuveiro não aqueles loucos de o sol também se
levanta que apareciam em um cenário estranho e só falavam falavam bebiam
pescavam iam às touradas trocavam de homem de mulher casavam desquitavam não tinham filho. “Não, agora não, não...” ele diz lá do quarto enquanto joga um
joguinho de corrida de carros envenenados no computador.




Nublado acordo há um prédio sendo construído atrás de
casa. Literatura escrita de catarses sono são sete da manhã capuccino. Vontade
de ver algum filme, Canal Brasil mas só passava clips musicais cults, e lembrei
do pessoal daquela festa chata, os terceiranistas, que estão na fase do Cult da
vida. E eu que percebo que passamos da fase Cult, que agora o que nos interessa
é o popular, o povão, o submundo, a cachaça, os funks. E claro que daqui um
pouco isso também passará e encontraremos quinteiranistas nesta fase e
lembraremos de nós mesmos e acharemos poserismo mas enfim era legal é legal é
divertido e está sendo. Ascese com um livro de sociologia da religião, muito
esforço por muitas horas para sentir aquela satisfação de um estudo bem
realizado. Escrevo uns dois parágrafos e decido dar um tempo na internet,
orkuteio procurando a putinha, descubro que ela pretendia fazer este semestre na
Unicamp mas decidiu deixar para o ano que vem (ufa, ainda bem). Vejo gentes com
a empolgação de ir para o ENECS na Bahia e eu e nós aqui nada empolgados, a tal
da Bienal da UNE que ele tanto fala como o grande acontecimento de toda a
graduação, bléh.

quinta-feira, 7 de agosto de 2008

Salve as Corujas


Todos os anos há 4% menos corujas no Brasil. Hoje restam apenas 3.600 delas. Agentes imobiliários têm destruído os campos abertos com pastos e árvores onde elas vivem em buracos na terra ou nas madeiras. Esses espaços são as casas das corujas, mas se tornam as casas dos humanos e as corujas desaparecem, não resistindo ao novo ambiente. Ajude a parar com as construções de casas em locais indevidos!
Call 1-800-SAVEOWL

terça-feira, 5 de agosto de 2008







::

Olá Clarah, fui ver Nome Próprio e achei o filme um lixo. Fiquei a pensar que a obra em que o filme se baseava fosse um lixo semelhante ou piorado, mas graças aos bons céus interneteiros e às editoras legais que colocam os livros à nossa disposição em pdf, no dia seguinte mesmo li seu livro Máquina de Pinball e pasmei. Você é de fato uma literata fodástica, parabéns.

LA REVOLUCIÓN VIRTUAL essa coisa de livros para download!


http://www.lojaconrad.com.br/Pop/Maquina_de_Pinball_int.asp






























domingo, 3 de agosto de 2008

::



......................................
Muito melhor o samba, estes mais novos que não sabem fazer

festa, não entendemos mais nada qual o capital vigente para um bando de corpos
dóceis parados na rua em rodinhas na mesa do caixa das fichas de cerveja e
calados muito calados sem conversa sem assunto achamos que eles não tinham
assunto ou talvez o silêncio seja a nova moda a espera por um disco voador ou
algo do tipo. E ainda por cima aparece uma putinha, o medo de você ir embora e
paranóias idiotas por isso fico vendo tela classic e o desenho do fudêncio mas
eu vou apagar esta frase – por que sempre nem no tal diário da válvula de escape
deixamos de apagar frases? Mas já me sinto melhor de fato a psicóloga Microsoft
parece deveras eficaz e de fato se libertar da nóia da palavra da escrita é pela
própria escrita poder dizer correr os dedos soltos soltos e talvez de 3 folhas
de consciência livre (tentei lembrar a categoria que a professora de literatura
encaixava este tipo de escrita a professora não, as apostilas do anglo – mas não
lembrei) saia uma frase formal uma tabela um parágrafo analítico assim “Segundo
Clastres, a antropo-po-po-metria dos ossos cabeças medir cabeças mediam
negróides munidos de esquadros réguas instrumentos de medição da luz da
temperatura das ondas sonoras .........



:

sábado, 2 de agosto de 2008




Tensão. Suspense. Insensatez e insegurança. Não mais pensava nas palavras seguidamente com um som insano de musica clássica. Fiquei esperando o sol nascer com a dor de estar lendo Caio Fernando de Abreu na sacada do apartamento enquanto ele dormia ali em minha cama. A vida parecia ingrata naquele momento. Pedro, você não compreende a minha dor. É melhor que se vá, me deixe com minhas palavras e a solidão que me alimenta. Penso em tomar os remédios que guardava por muitos anos em minha dispensa, mas não os encontrei. Alguém deve ter pego-los. Pedro. Mãe. Eu mesma. O punk de outro dia. Já não sabia mais. Não conseguia enfrentar as primeiras paginas de Deleuze em Frances, porque me lembrava dos momentos na França. Ele dorme. Fico com insônia. Conversamos ontem a noite sobre a televisão, criada na década de 1960, auge da industria cultural.

Campanha para que a Kibon não páre nunca mais de fabricar a delícia Açaí Power - edição limitada. Para que essa edição se transforme em ilimitada.

sexta-feira, 4 de abril de 2008

Viver prá trabalhar, Morrer de trabalhar

Minha mais nova aprendizagem é a de que não, o trabalho não dignifica o homem; nem a pau. O trabalho só me ensinou a ter ódio, e fel, e fez de mim uma assassina. Depois de descobrir olheiras gigantescas na minha cara, peguei meu orçamento de miséria que só me dá para comprar pão e transporte, comprei uma arma e matei a família inteira do meu patrão. Estourei os miolos da mulher dele, e joguei o bebê deles na parede até a cabeça dele explodir e joorrar muito sangue. Depois, fui prá casa e estou aqui entusiasmada a pensar na cara que ele vai fazer quando chegar em casa e ver essa magnífica cena. Matar é uma delícia, vocês deveriam experimentar.

quinta-feira, 3 de abril de 2008

Anti-Crise

Eu definitivamente não gosto da literatura brasileira dos anos 80. E também do cinema, espelhamento da mesma poética. Não gosto porque há nela toda a crise da fragmentação dos sujeitos, a crise da derrocada do idealismo ortodoxo, a crise da descoberta de uma esquizofrenia identitária. Os personagens sofrem, sofrem... dos livros pinga suor e sangue. Aqueles que porventura deixaram seus Ataris para sentar a bunda na cadeira com uma pena na mão, só sofreram em líteras obtusas.

Prefiro esta literatura contemporânea, que abraça a esquizofrenia de forma lúdica e definitiva, e brinca com a fragmentação de maneira deliciosa. Por isso, esqueçam os Rubens Paivas, Lya Lufts e Abreus da vida e partam para os Galeras, Cuencas, Mirisolas, Mempos e tudo o que estiver datado com o ano 2000 em diante nas fichas catalogais.

terça-feira, 1 de abril de 2008

Beat Generation...

Não há nada melhor do que pegar uma caroninha para esquecer dos problemas. Uma carona é capaz de causar uma ruptura em seu dia (pelo fato de não haver possibilidade de acontecimentos rotineiros nesta prática), fazendo com que o dia pareça estar começando de novo. Hoje, ao sair do trabalho, parei lá no gramado da Avenida 1 prá pegar uma caroninha até a Grinfinólia. Percebi uma coisa muito interessante: hoje está mais dificil de pegar caronas, porque os modelos mais novos de carro estão com seus vidros muito escuros, de modo que fica difícil de exercer uma das ações mais básicas da prática de pegar carona: escolher quem vai te dar a carona. Desde os tempos que os beats inventaram a carona, foi assim, há no mundo sujeitos mal encarados e de pretensões não muito recomendáveis, de modo que na cartilha dos beats há esta regra do saiba a quem pedir carona. O que nos resta são os carros de modelos mais antigo, que ainda permanecem com seus vidrinhos puros e transparentérrimos.

Hoje pedi carona para um senhor que na verdade estava estacionado naquela avenida, ele dirigia uma perua da Vigor - aquela marca de iogurtes. Chamava-se Herbie, tinha um adesivo católico no vidro da frente de sua perua e um delicioso sotaque nordestino. Eu comentei com ele sobre essa dificuldade do pegar carona hoje porque os carros estão com seus vidros mais escuros e ele concordou, disse que tem um outro carro e nesse carro ele não colocou vidro escuro, disse que não acha muito bom. Eu comentei que o povo coloca por causa que acha que gera uma segurança, mas ele disse que achava que não adiantava muito não, porque o cara vem e aponta a arma prá sua cara do lado de fora do vidro. Contou que na sexta-feira uma senhora de 51 anos foi baleada em frente a prefeitura de Campinas, porque o cara apontou a arma pro vidro escuro dela e ela não quis abrir. Daí o cara atirou bem na cara dela, e lá se foi uma grã-fina. A carona é genial quando você pega com alguém que não pertence ao seu mundo - nós, tão acostumados a conviver com os beats e os militantes -, gera toda uma alteridade construtiva e deliciosa. Tem mais, as pessoas nunca esperam que alguém vai abordá-las no meio do seu trajeto cotidiano, e se impressionam ao dar uma carona, se sentem todos felizes por terem feito uma boa ação. Se sentem úteis. O Herbie ficou a me desejar tudo de bom na minha vida por um tempão, largo sorriso no rosto, apertando a minha mão. Foi lindo.

Mais uma ação construtora do mundo que queremos: o da beat generation.

terça-feira, 29 de janeiro de 2008

A Incrível História de Barzão do Geraldo


Havia um bar do Geraldo e as casas foram sendo construidas ao redor do bar
como se fosse uma catedral. E muitos homens intelectuais boemios amigos do Geraldo frequentavam ali e começaram a dar aulas. Entre eles estava Zeferino.
Ele resolveu abrir um porão para seus amigos revolucionários perseguidos pela ditadura só porque achava engraçado beber e falar mal dos marxistas. E era esse bar que as conversas academicistas aconteciam. A policia nao estava nem ai pq Geraldo era muito querido de todos
e ng desconfiava dele. Então hoje a cidade criada em torno do Barzão do Geraldo é formada de boemios e revolucionários. Com o tempo devido ao bar e sua coragem revolucionaria passaram a chama-lo de Barao. Os revolucionários ainda estão lá escondidos no porão do Zeferino.