sábado, 6 de setembro de 2008

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Itirapina é uma cidade minúscula, ilustrada por um pontinho preto perdido no meio do mapa do estado de São Paulo. Aqui, a lógica é a do "um de cada": temos uma loja de calçados, uma loja de esportes, uma loja de cds, uma boticário, uma loja de roupas masculinas, uma loja de roupas femininas, uma loja de bebês, uma farmácia de manipulação, uma farmácia comum, e com Itirapina entrando na era da modernidade há pouco tempo, uma loja da vivo, uma da claro, e uma lan house.




Os assuntos que permeiam toda a sociabilidade cotidiana - e dão sentido a elas - são sobre relacionamentos. Quem casou com quem, quem teve filho com quem, qual é o divórcio da semana. Quando vão falar de alguma outra coisa, como por exemplo uma reportagem sobre a Itália que saiu no jornal local, falam em termos de parentesco: a filha de fulana casada com sicrano que foi neto do beltrano que estudou com a minha vó no colégio foi para o Canadá. A informação após o verbo quase nunca interessa, o que interessa é que o grupo de interlocutores descubra qual é o sujeito do qual se está falando: quem, aquela que casou com o fulano filho do dono da farmácia que ficou viúvo e depois foi morar naquela casa ali do centro? Não, essa é a filha mais velha, a que te digo é a filha mais nova da fulaninha que aliás é cunhada do pai do seu sogro! Tudo isso falado em volta da mesa do café da manhã, do almoço e do jantar, que duram uma eternidade e preenchem o tédio dos dias de Itirapina.
É assim como na foto. E me smell like a faroeste norte-americano de 1930. Então fico a ouvir blues com whisky e bukowski, ótimas companhias.

Um comentário:

Natalie disse...

Hei!
Você é de Itirapina?
Fiquei quase um mês aí em 2005 num curso de ecologia vegetal. Tem um puta cerrado na sua cidade, e no mesmo ano propusemos um projeto de educação ambiental: Cerrado na Praça.
Em breve volto a escrever no blog. prometo.